Tapetes de Arraiolos

Tapetes de Arraiolos, nas Ruas da Vila que os viu nascer.


Não existem investigações que atestem a data exata do início dos tapetes de Arraiolos contudo os exemplares mais antigos apontam para o século XII e indicam que terá vindo para Portugal por influências árabes.
Os bordados de Arraiolos estão ligados aos tapetes que chegaram até aos dias de hoje e à localidade que lhe deu o nome Arraiolos. Estão espalhados por vários museus exemplares valiosos que atestam o gosto e a vida de Portugal nos Séculos XVII e XVIII.
A dualidade que podemos encontrar entre o artístico e o artesanal esta sempre presente e o estudo destes tapetes tem seguramente um enorme valor no campo da antropologia cultural quer pelos seus desenhos e motivos bordados quer pela sua estrutura.

Os “Arraiolos” são tapetes bordados, inicialmente sobre uma tela de linho, utilizando um ponto cruzado, hoje vulgarmente conhecido como ponto de Arraiolos. A designação do ponto sugere o seu aparecimento na sua localidade. No entanto, o ponto já é conhecido na Península pelo menos desde o séc. XII. Existem trabalhos portugueses e espanhóis noutro tipo de objetos (bolsas de corporal, tiras bordadas) em que o ponto é exatamente o mesmo, só que executado em seda e cumprindo desenhos muito mais pormenorizados. As nossas bordadoras dos tapetes tiveram o arrojo de trocar a seda pela lã, o suporte linho ou seda finos pelo linho grosseiro, a peça de altar ou o requintado adorno pela criação de objetos cujo destino seria serem pisados ou cobrirem arcas. Por outro lado, o desenho base dos Arraiolos nunca é concebido para tal, é sempre um desenho pré-existente.”...Cópia rigorosa das tapeçarias persas”, diz Sebastião Pessanha.”
PEREIRA, Teresa Pacheco ,Tapetes de Arraiolos , Estar Editora, Lisboa, 1997, p.11.

Na vila de Arraiolos no século XVIII já era vulgar a prática de bordar tapetes, sendo o tapete mais divulgado o “Tapete dos Bichos” que consistia no desenvolvimento de vários desenhos de animais que se desenvolvem em torno de um medalhão central.
Após o século XVIII os desenhos afastam-se dos originais, no início do século XIX assistimos à decadência da indústria e os desenhos e as cores alargam-se. As cores que predominavam eram o vermelho, amarelo, verde, azul.
Nos primórdios que executava esta tarefa dos tapetes eram as Damas nos tempos livres, como tarefas de lavores caseiros ou nos conventos.
Em meados do século XVII as suas executoras libertam-se do tear e iniciam uma nova fase onde trocam o tear pela agulha, deixando assim de tecer e passando a bordar. 

Bordadeira anónima


Estes tapetes tem sido agrupados por épocas:
- Primeira época corresponde ao século XVII, influência persa na composição decorativa, alusão a alguns motivos geométricos inspirados em mosaico e azulejaria, bordado feito sobre linho. 


Um dos exemplares mais antigos
Museu Nacional Soares dos Reis, Porto
Suporte: fio de linho. 
Bordado: fios de lã polícromos. 
Portugal
Séc. XVII 
190 x 142 cm
Inv. 109 Tex CMP/ MNSR

Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa 
Arraiolos, Portugal
século XVII
Linho e lã. Bordado a ponto cruzado, vulgarmente chamado de Arraiolos
C 340 x L 213 cm
Convento de Santa Helena do Calvário, Évora, 1889
MNAA inv. 39 Tp


- Segunda época inícios século XVIII na qual predominam desenhos de inspiração popular valorizados com motivos orientais. Introduzem-se os animais e as figuras humanas com elementos florais. Crescimento da indústria dos tapetes na vila de Arraiolos.



Museu Nacional Machado de Castro
Tapete de Arraiolos
Séc. XVIII
MNMC 1219
182,5 x 363 cm
Mosteiro de Santa Clara de Coimbra
MNMC 1219

 -Terceira época finais de século XVIII e início século XIX. Vão desaparecendo os motivos orientais  e os arabescos e gradualmente introduzem-se motivos populares.

Bordadeiras anónimas 








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