Lenços

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Foto: Nuno Reis



Os lenços de Viana como são conhecidos fazem parte do imaginário português. São coloridos na sua base onde assentam cercadura de flores grandes e coloridas destacando as quatro cores principais: vermelho, amarelo, branco e azul.




Postal antigo: Lavadeiras Viana de Castelo

“A veste organiza-se em: saia franzida, colete justo apertado com fitilho e camisa branca, sobre a qual se apõe o avental, a algibeira e o lenço. Na cabeça, colocava-se um lenço idêntico ao do peito. Nos pés, calçavam chinelas também bordadas, à maneira barroca, e meias arrendadas.”
(Teixeira: Madalena Braz, O traje regional, Português eo Folclore VII ) 


Estão presentes ao longo da história da humanidade em vários momentos históricos:
Segundo a lenda a primeira mulher que usou um lenço foi a rainha egípcia Nefertiti no ano de 1350 a.c.;
Em 230 a.c. na China no reinado do Imperador Cheng os lenços tinham uma utilização funcional que servia para identificarem os funcionários ou guerreiros chineses;
Na Roma Antiga o lenço foi usado para aquecer (dai evolui para o cachecol) e limpar o suor; •Em Portugal na altura da partida da família real portuguesa para o Brasil em 1808, um dos episódios relatados foi o da invasão de piolhos que infestou o barco onde viajava Dona Carlota Joaquina, deixando a rainha e as suas acompanhantes de cabeça rapada e a desembarcar em S. Salvador da Bahia com um lenço na cabeça, curioso é o facto de o traje das Baianas conservar atualmente o lenço na cabeça; 



Dona Carlota Joaquina 


Em 1786, o imperador Napoleon Bonaparte enviou durante uma viagem à Índia um lenço de cashmere de presente à sua esposa Josephine de Beauharnais;
Em 1810 Beethoven apaixonou-se por Therese Malfatti e resolveu renovar o seu guarda –roupa na esperança de ganhar o coração da sua amada. Dessa renovação estão os lenços de seda que ele tanto usou agarrados aos pescoço;
A Rainha Vitória de Inglaterra para além de ter usado o primeiro o vestido de noiva branco é também uma das responsáveis pela popularização do lenço na cabeça;
Em 1837 mesma época em que a Hermés nasceu.


Em Portugal:
Segundo a história das relações comerciais no Índico pelo menos até ao século XVII, os tecidos indianos eram importantes moedas de troca e fonte de receitas no comércio com a costa oriental africana. A história apresenta os portugueses como comerciantes que vendiam em Mombassa lenços (lesos) peças de tecido estampados e cortadas com cerca de 60cm de largura, que traziam da Índia. Eram peças estampadas em parte com pintas brancas sob um fundo escuro, o padrão fazia lembrar as penas das galinhas da Índia.
A estamparia em Portugal entra tardiamente e só por volta de 1775 se introduziu de facto a estamparia de algodão, só que entretanto o comércio asiático desenvolveu-se sob o impulso da política pombalina, ajudando a recomposição “sem ouro” da economia portuguesa.
Em 1788 havia em Portugal 18 fábricas de chitas. A tecelagem nacional não era protegida e só sobreviveu a Real Fábrica de Lançaria de Alcobaça, que fornecia panos para a estamparia.
•Em 1880 os lenços nacionais foram substituídos pelos lenços austríacos por serem mais vistosos (dizem!)




Lenços portugueses


Os lenços sempre estiveram na ordem do dia, das lavadeiras aos ranchos etnográficos, do povo à burguesia, da rua para os desfiles de moda ou acessórios contemporâneos. Fazem parte das coisas portuguesas com certeza. 

Foto: Mnati Garrido


Colecção Lanidor

Semana da Moda de Moscovo, Outubro 2010


Colecção Maria Bonita: Verão 2012

Criações portuguesas: Princezices















































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