Bonecos de Estremoz

Trabalho dos Irmãos Ginja "Amor é cego"


Uma forma de expressão para retratar a cultura, hábitos e costumes alentejanos. Os bonecos de Estremoz são o casamento perfeito entre escultura e a pintura.
Os trabalhos e a vida do campo, as profissões e ofícios, as ocupações domésticas, cenas do quotidiano ganham cor nesta arte enriquecida com apontamentos religiosos, imagens simbólicas, incutindo uma crítica social nessas personagens típicas criadas e recriadas pelo sentimento e sentido táctil das mãos desses mestres.

Trabalho de Irmãs Flores (Presépio de Altar)


As imagens de Culto em madeira e as imagens de cerâmica policromada que sensivelmente desde o século XVI revestiam retábulos e oratórios terão dado origem a estes bonecos.
Partindo de investigações desenvolvidas, alguns destes bonecos parecem ter sido adaptadas a partir de modelos conhecidos como figuras carnavalescas. Podem identificar-se elementos característicos das culturas africanas e brasileiras na composição de determinadas figuras, que terão influenciado a construção destes arquétipos dos Bonecos de Estremoz.

Imagem retirada do livro " Memórias sobre os Barros de Estremoz"de Azinhal Abelho, editado pelas edições Panorama de 1964.  Trabalho dos Irmãos Ginja 


Foi no Século XVIII que o barro de Estremoz ganha visibilidade no reinado de D. João V. aquando da construção do convento de Mafra terão chegado ao nosso país muitos artistas franceses e alemães que notaram as características da qualidade do barro desta região despertando assim os seus interesses nessa matéria prima.
Estudos recentes indicam que contrariamente ao que fazia prever os Bonecos de Estremoz não eram realizados por oleiros da vila mas sim por mulheres às quais chamavam “boniqueiras” segundo atesta uma ata de vereação de 10 de Outubro de 1770. Essas mulheres não tinham o seu trabalho reconhecido enquanto oficio. Uma das razões era a sua condição feminina, outra razão era o facto de ser mal visto marido e filhos serem sustentados pela mulher da casa, sendo também o trabalho feminino considerado inferior ao do homem.

Trabalho de Irmãs Flores


As peças que se encontram no Museu de Estremoz do Século XVII e XIX com forte cariz religioso e relacionadas com o trabalho doméstico são da autoria destas mulheres.
 
Museu de Estremoz 


No primeiro quartel do século XX esta arte esteve em decadência e quase desapareceu, porém em 1924 com o surgimento da Escola de Artes e Ofícios e do seu Director Sá Lemos surgiu um novo impulso e ressurgimento para o qual contribuiu a senhora “Ana das Peles” que apesar da sua idade avançada ainda se lembrava de como se faziam os bonecos e deu a sua contribuição para salvar a tradição.

Foto: Ana das Peles (Fotografia de Rogério de Carvalho 1930)


Com o seu falecimento surge o oleiro Mariano da Conceição e após o seu falecimento é a sua irmã e posteriormente a sua esposa que dão continuidade ao oficio. 

Foto: Mariano Augusto da Conceição (Fotografia de Rogério de Carvalho 1930)


Hoje em dia vários artista trabalham nesta arte de tradição estremocense dos quais destaco Sabina Santos, as Irmãs Flores, Fátima Estroia, Maria Luísa, Irmãos Ginja, Célia Freitas e Isabel Pires.


Trabalho de Maria Isabel Pires



Museu de Estremoz
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