Caretos Podence
Para além de uma tradição, são o símbolo de uma cultura do Nordeste de Portugal, os Caretos são sem dúvida um dos grupos mais emblemáticos de Portugal. Teve inicio em 1985 dentro de uma associação cultural que tinha como objetivo preservar a tradição carnavalesca, assumindo-se como um grupo etnográfico constituído por 20 elementos, todos homens.
Na aldeia transmontana de Podence, situada no Nordeste de Portugal, o período de Carnaval é marcado pela presença dos Caretos, figuras mascaradas que usam mascaras e vestem-se com fantasias particulares (casaco e calças de lã coloridas, no passado lã de ovelha tingida artificialmente, tecido numa manta de serapilheira talhada para o efeito, uma mascara hoje de lata, no passado de madeira ou couro). A expressão Careto é usada noutras regiões para designar mascarados que podem surgir noutros períodos do ano assim como o Natal, Santo Estevão, Reis e que podem emergir nas chamadas Festas dos Rapazes do Ciclo de Inverno.
Uma das particularidade dos Caretos é o seu movimento coreográfico bastante sexualizado em que o Caretos, abraçando a sua “vítima” feminina e atingindo-a repetidamente nos rins com golpes repetidos dos chocalhos, que, giram, pendentes da sua cintura. Movimento esse a que se chama “chocalhar”. Os Caretos, nesta ocasião, afirmam-se como “donos” dos espaços públicos e mesmo dos privados, que ocupam com cumplicidade ou passivo consentimento dos seus moradores. Ao Careto tudo é permitido nesses dias, assumem uma dupla personalidade. Ao vestir o fato e colocar a mascara o seu comportamento muda e tudo lhe é permitido, sátira social, exageros.
O mundo de som, fúria, cor e movimento para que nos remetem incutem em cada um de nós o misticismo e a envolvente deste Carnaval tão particular.
Temos as portas abertas para entrar num universo de raiz profana e carnal, o verdadeiro motivo que move os Caretos é apanhar as raparigas para as poder “cocalhar”, num exagero de atos e folia. Despedem o Inverno e dão as Boas Vindas à Primavera num ritual ainda inserido nas festividades cíclicas de inverno.
Os caretos tem percorrido Portugal, assim como contam com várias participações internacionais, são objeto de estudo etnográfico e antropológico em várias universidade e as suas participações nos mídia tem aumentado gradualmente nestes últimos anos.
Fonte:
OLIVEIRA, Ernesto Veiga de. Festividades Cíclicas em Portugal. Lisboa: D.
Quixote, 1984.
PEREIRA, Benjamim. Máscaras Portuguesas: Junta de Investigação do
Ultramar. Lisboa: Museu de Etnologia do Ultramar, 1973.
PESSANHA, Sebastião. Mascarados e Máscaras Portuguesas. Lisboa: Ferrin,
1960.
RAPOSO, Paulo. O Papel das Performances Culturais na Contemporaneidade:
Iden t id ade e Cu l tu r a Popu l a r. 2003 . D i s se r t a ç ão (Dou to r ado em
Antropologia) – Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2003.
http://caretosdepodence.no.sapo.pt
Fotos:http://caretosdepodence.no.sapo.pt
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